terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Uma parte que não tinha"

Com certeza você já encontrou ou conhece uma daquelas pessoas fanáticas que gritam o nome do “astro favorito”, que chora, que treme, que faz de tudo por um autografo, uma foto, que até mesmo um simples “oi” é motivo para um grito estérico.

Mas cada vez mais que eu vejo situações como essas, menos eu gosto de “Astros”, quem são eles? Eu não os conheço. Meus admirados estão do meu lado, posso até parabenizar os astros pelo trabalho, mas quanto mais eu olho para o mundo do outro, mas respeito essas pessoas de bem, trabalhadores, essas que sustentam a casa, que ralam em dois empregos, que trabalham e estudam, ou que acorda cedo pra estudar, essas que valorizam a amizade, essas que sorriem com sinceridade, essas que sonham acordada, que tem pureza nos olhos, essas que fazem sacrifícios, o possível e o impossível só porque amam. Essas que tem espontaneidade, que tem força, que tem coragem. Não que os “astros” não tenham isso, mas não os encontro nos ônibus da vida, como posso pensar falar deles?

Ai! Ai! Suspirando mesmo, quanto mais escuto esta história, mas a amo. Hoje, terça-feira de Novembro foi à primeira vez que peguei ônibus com parte da minha adorável trupe. Todos já estavam na fila que não era a minha, menos Charles, quando eu entro, encontro um lugarzinho para me sentar, olho pra frente, Charles me surpreende entrando no mesmo ônibus que eu. Começo a especular... E antes que eu termine Rodrigo e Guilherme entram no ônibus largando mão de ir sentado para estar na companhia do amigo.

As pessoas não entendem, mas são em gestos intrínsecos que estão o verdadeiro sentido de viver la vida.

Minha suspeita de serem estudantes pode ser confirmada hoje, observo... Primeiro ponto perto da escola, nada! Aquela pequena trupe continua seguindo a viagem. Queria estar mais perto, ser uma formiguinha, uma mosca, até mesmo uma lagartixa (pensando bem nunca vi uma lagartixa no ônibus), mas tudo isso só para saber o que eles estão conversando e quem realmente são esses caras sobre quem escrevo.

Certa vez um senhor entrou na sala e começou a conversar comigo. Contou-me de uma namorada, contou-me o caminho longo que traçava para encontrá-la. São pessoas assim que eu admiro.
Um minuto! Escuto a voz e a risada dos meninos, é, alguém já me disse uma vez: “Você não faz idéia dos segredos que um homem fala para o outro”, acho que foi o Gerente.

Hoje eram apenas os três, os três mosqueteiros, não faço a mínima idéia do que falam, mas admiro a cumplicidade, a amizade. Tenho amigas assim também e no lugar desses três, vejo a cena, nós três rindo e falando coisas que não dizemos para todos.

A mão esquerda de Charles com relógio, o cabelo arrepiado de Guilherme e a mão direita de Rodrigo me permite saber que eles ainda estão aqui, mas é só que vejo daqui, vejo em partes, nunca completo. É só o que eu vejo, eu vejo em partes.

E quando descerem do ônibus a história acaba? Não, começa outra história. Porque a vida é assim repleta de história sem fim, não funciona como os contos de fada onde se começam com “Era uma vez...” e termina-se no “...e viveram felizes para sempre”. A vida é uma caixinha de surpresas, repletas de histórias e historinhas, algumas até que se parecem com as da carochinha, mas nada é previsível, nem termina no ponto, se dispersar, parágrafo na outra linha, outra história de vida.

Mas é aqui que termino a história de hoje, Charles, Guilherme e Rodrigo desceram, e eu já sei onde...Bem, isso explica algumas coisas, mas isso por enquanto é um segredo, quem sabe no próximo ônibus. ^^

3 comentários:

  1. Na, que lindo! Eu me senti parte integrante desse post! rsrs Será que alguém também nos analisa e escreve sobre nós? rsrsrs
    Beijooo!

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  2. Se fizesse Lara?! Você não teria medo de alguém que te observa? rsrsrs
    beijos Gatona...Obrigada pelo comentário!

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  3. Como sempre seu post está muito bom, também acho que os melhores personagens estão na vida, arriscando, fazendo as coisas darem certo, costumo falar que meus idolos são meus amigos e minha familia, as pessoas que estão ao meu lado no ônibus falando besteiras, ou ouvindo as minhas tristezas e alegrias.

    parabéns pelo post

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