terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quem quer pão?!

A moça sentada do meu lado, é jovem e bonita, para os que acham que essas duas palavras andam juntas. Eu, particularmente discordo, até pela relatividade e subjetividade de cada uma dessas palavras, no entanto, estava ela lá, sentada ao meu lado e gentilmente se ofereceu para segurar a bolsa da moça que estava em pé, a moça não recusou a gentileza, pois é fato que gentileza gera mais gentileza.
Animada, falava ao telefone, aparentemente com seu namorado, a qual carinhosamente ela chamava de "amor" e perguntava onde ele estava, devia ser apenas 7 horas da manhã, ao ouvir a resposta ela disse: "Comprando pão?! Que delícia, só eu que não compro pão", disse ela como se comprar pão fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, e de fato, ela tem razão... A gente trabalha todo dia para comprar pão. Há tempos atrás quando o moço era bonito, ele era um pão. Até música o pão ganhou feita pela Xuxa, que era: "Quem quer pão, quem quer pão, quem quer pão, que tá quentinho, tá quentinho tá quentinho" e na oração o agradecimento pelo pão nosso de cada dia... o moço vendendo doce no ônibus que já vem com o discurso pronto: "eu poderia tá matando, eu poderia tá roubando", mas não, ele não está, está apenas tentando ganhar o pão, a criança jogada na sarjeta daria tudo por um pedaço de pão, o pai de família trabalha o mês inteiro para comprar pão para esposa e filhos. Alguns políticos roubam o "pão" do cidadão, outros desperdiçam, a celebridade pão também é comido pelos astros, não importa se ele é mais refinado ou recheado, é pão.
E nessa sociedade todo direito que todo cidadão deve ter é o direito do seu pão, mas lhe roubam o pão...e o direito? Que direito?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Contando um Causo

Um compadre no ônibus começou a contar um causo para quem tivesse ouvido ouvir, naquele momento contou o seguinte causo de uma moça que se viu no direito de sentar e colocar a mochila no banco do lado para guardar pro namorado.
Se fosse história do mato, chegaria uma onça pra cortar o barato.
A onça chegou, segundo o compadre era uma negona alta e forte que fez a moça tirar a bolsa e ainda ficar em pé, sentando ela e uma outra senhora, a qual deve ter agradecido.
Minha tia sempre usou o termo “nega sacudida”, será que esta moça era do que minha tia falava?


Se você leu esse texto, responda no comentário, compartilhe se essa é uma história com moral e qual seria a moral dela.

Sejam sempre bem vindos!

O ditado da Frigideira que se perpetua

Quatro caras discutiam no ônibus, primeiro, em forma de códigos masculinos até o momento em que tudo ficou escancarado.
Falavam de mulher, de seus apetrechos ou a falta deles, um se posicionava a favor da beleza, da boa aparência, falavam de estética, mas passaram a falar de conteúdo.
Dizem por aí, que a mulher tem nos olhos dois cifrões $ . $, se é de fato, ou se pode generalizar é o que se torna a questão, mas segundo a história dos caras segue mesmo esta versão.
O moço trabalhador diz que gosta de agradar sua companheira, levar para o shopping, comprar presente, mas não gosta de ser cobrado disso, ao que se entende, ela, a namorada, trabalha, mas pede habitualmente no mesmo dia, dinheiro. Ele que vê o nome dela no telefone, nem sente vontade de atender, ela diz: “Preciso de dinheiro”, ele revoltado diz que não funciona assim.
Mas todos eles concordam, brincam com a frase e usam de vã justificativa, que toda panela tem sua tampa, mas existe mulher que é frigideira e como já sabemos a frigideira não tem tampa, mas sempre que possível rouba a tampa de outra.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estou aqui!!!

Aquela catraca faz falta, ela girava algumas histórias, umas das que eu mais gostava, e hoje já não gira mais no mesmo local, não sei se é apenas a falta da catraca, mas as férias que já chegaram para aquela trupe, não os vejo mais, sinto falta! Mas a bendita da catraca também foi uma surpresa no começo, frustrante para alguns, que resmungavam qualquer coisa pelo descontentamento, mas isso é até natural no começo, depois se acostumam.

Fora isso está quase tudo igual, as filas extensas, uma multidão de gente que madrugam para escrever suas histórias. Na viagem, apaguei, as histórias do ônibus não anotei, mas ao chegar no meu destino, notei, um menino de roupas limpas, de aparência boa, deitado na muretinha e dormindo, pensei: O que será que este menino faz aí? Sozinho! Ninguém estava com ele, foi tão rápido o giro dos segundos, mas meu coração se partiu ao ver aquela cena, como se partiu ao ver aquela multidão de gente, com seus colchões e família acampados na frente da Câmara Municipal.

Hoje quando cheguei, aquelas pessoas, já não estavam mais lá, depois de mais de três semanas, eles sumiram, podia ter ficado aliviada, mas pensei: Pra onde eles foram? Será que para um lugar melhor? Existe uma diferença entre as pessoas que não queriam que a vida fosse desse jeito, mas foram engolidos pelas circunstâncias, e os acomodados, que querem sombra e água fresca sem nenhuma gota de suor, existem os herdeiros de situações assim. É verdade que os dois plantam e colhem o que plantou, mas é triste mesmo assim. A desigualdade no mundo, a falta de emprego para todos, as falhas na educação colaboram muito para situações como estas.

Lugar de criança é na escola, não é na rua, não é dentro de um ônibus vendendo docinho, é dentro de casa, é dentro de um lar, seja ele feito do que for, o lar é dentro do coração das pessoas, criança precisa de alguém que seja por ela, não adianta ter casa boa, ter o filho na escola, se ele não sente que você se importa com ele, que gosta de ouvir o que ele tem para contar, que o incentive a aprender, a criar. “A vida é bela” é um dos filmes mais comoventes que já vi, o mundo pode estar muito feio ao nosso redor, mas a sensação de que alguém está aqui, já muda toda nossa forma de ver, de encarar a vida e nos incentiva a seguir em frente. Se você está aqui! Eu vou seguir!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Todo dia ela faz tudo sempre igual

"Todo dia ela faz tudo sempre igual"....

Chega com seu parceiro, que sempre passa a catraca enquanto ela fica do outro lado da grade. Ele a olha como se esperasse uma ordem, uma orientação... Ela, sorridente, aponta pra ele o local que ele deve ficar...Ele "atenciosamente", obedece e segue a ordem. Ela sempre vai para o mesmo lugar, volta, passa a catraca e fica com ele.

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A máquina

A máquina do homem calcula o tempo que leva de casa até seu destino, a máquina do relógio apenas mostra isso. A máquina do homem calcula na fila a posição que terá mais chance de encontrar um lugar no ônibus para sentar-se, o local que é menos provável e o lugar que nem adianta sonhar, que não vai dar pra sentar, não vai rolar!

A máquina do homem conversa sobre a máquina do computador, sobre a placa e a memória limitada. A máquina do homem é diferente de outras máquinas, tem espaço de sobra na memória, a máquina do homem sente.

A maquina microondas é programada para aquecer a comida, a máquina da TV te enche com a programação que nem sempre passa o que você quer ver, e, o que você precisa. A máquina de foto tenta as lembranças manter. A máquina do rádio te convida a dançar, cantar, extravasar. A máquina do homem se acha no poder, e pode até ser, cabe ao homem ligar ou desligar a TV.

P.s: Só espero que não dê pane no sistema.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Uma parte que não tinha"

Com certeza você já encontrou ou conhece uma daquelas pessoas fanáticas que gritam o nome do “astro favorito”, que chora, que treme, que faz de tudo por um autografo, uma foto, que até mesmo um simples “oi” é motivo para um grito estérico.

Mas cada vez mais que eu vejo situações como essas, menos eu gosto de “Astros”, quem são eles? Eu não os conheço. Meus admirados estão do meu lado, posso até parabenizar os astros pelo trabalho, mas quanto mais eu olho para o mundo do outro, mas respeito essas pessoas de bem, trabalhadores, essas que sustentam a casa, que ralam em dois empregos, que trabalham e estudam, ou que acorda cedo pra estudar, essas que valorizam a amizade, essas que sorriem com sinceridade, essas que sonham acordada, que tem pureza nos olhos, essas que fazem sacrifícios, o possível e o impossível só porque amam. Essas que tem espontaneidade, que tem força, que tem coragem. Não que os “astros” não tenham isso, mas não os encontro nos ônibus da vida, como posso pensar falar deles?

Ai! Ai! Suspirando mesmo, quanto mais escuto esta história, mas a amo. Hoje, terça-feira de Novembro foi à primeira vez que peguei ônibus com parte da minha adorável trupe. Todos já estavam na fila que não era a minha, menos Charles, quando eu entro, encontro um lugarzinho para me sentar, olho pra frente, Charles me surpreende entrando no mesmo ônibus que eu. Começo a especular... E antes que eu termine Rodrigo e Guilherme entram no ônibus largando mão de ir sentado para estar na companhia do amigo.

As pessoas não entendem, mas são em gestos intrínsecos que estão o verdadeiro sentido de viver la vida.

Minha suspeita de serem estudantes pode ser confirmada hoje, observo... Primeiro ponto perto da escola, nada! Aquela pequena trupe continua seguindo a viagem. Queria estar mais perto, ser uma formiguinha, uma mosca, até mesmo uma lagartixa (pensando bem nunca vi uma lagartixa no ônibus), mas tudo isso só para saber o que eles estão conversando e quem realmente são esses caras sobre quem escrevo.

Certa vez um senhor entrou na sala e começou a conversar comigo. Contou-me de uma namorada, contou-me o caminho longo que traçava para encontrá-la. São pessoas assim que eu admiro.
Um minuto! Escuto a voz e a risada dos meninos, é, alguém já me disse uma vez: “Você não faz idéia dos segredos que um homem fala para o outro”, acho que foi o Gerente.

Hoje eram apenas os três, os três mosqueteiros, não faço a mínima idéia do que falam, mas admiro a cumplicidade, a amizade. Tenho amigas assim também e no lugar desses três, vejo a cena, nós três rindo e falando coisas que não dizemos para todos.

A mão esquerda de Charles com relógio, o cabelo arrepiado de Guilherme e a mão direita de Rodrigo me permite saber que eles ainda estão aqui, mas é só que vejo daqui, vejo em partes, nunca completo. É só o que eu vejo, eu vejo em partes.

E quando descerem do ônibus a história acaba? Não, começa outra história. Porque a vida é assim repleta de história sem fim, não funciona como os contos de fada onde se começam com “Era uma vez...” e termina-se no “...e viveram felizes para sempre”. A vida é uma caixinha de surpresas, repletas de histórias e historinhas, algumas até que se parecem com as da carochinha, mas nada é previsível, nem termina no ponto, se dispersar, parágrafo na outra linha, outra história de vida.

Mas é aqui que termino a história de hoje, Charles, Guilherme e Rodrigo desceram, e eu já sei onde...Bem, isso explica algumas coisas, mas isso por enquanto é um segredo, quem sabe no próximo ônibus. ^^

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eles voltaram!!

Era mais um começo de semana, mais uma segunda, dessa vez com tendência para abrir um lindo sol, mas como vocês sabem São Paulo é uma carta com ponto de interrogação, começa de um jeito, termina de outro, nada é previsível.

Tinha acabado de pensar na minha trupe, na saudade e me perguntando: “Será que os verei novamente?”, uma semana havia se passado e eu não tinha visto nada, nem o rastro, cheguei a imaginar que não os veria novamente.

Até que meu coração esmorecido avistou Luana, exatamente, era ela, estava certa disso, me enchi de esperanças. Quando nossos olhos se acostumam a enxergar um conjunto, fica difícil ver apenas uma parte do conjunto. Luana hesitou a passar a catraca, isso me encheu mais ainda de esperança, olhou para os lados, mas não durou muito, pois entrou. Luana é uma morena bonita, engraçado, ela não é gorda nem magra, se parece mais com a mistura dos dois.

A partir daí meus olhos ficaram atentos a qualquer um que podia vir. Na outra plataforma, meus olhos viram Rodrigo e Guilherme, me desculpem por colocar meus sentimentos, mas me enchi de alegria. Em seguida Aline, os três, esperaram na catraca, mas nada de Charles, no lugar dele apareceu outro menino, o qual ainda não escolhi um nome.

Mas eu não estava satisfeita, queria Charles, queria a trupe completa. Os três e o novo integrante esperam um pouco, mas também entraram. Mais um tempo, Charles, sim Charles ^^, acompanhado de outro moço sem nome.

Mas hoje todos os nomes me pareciam embaralhados, não combinavam, não se encaixavam. Era sim a minha trupe adorável, a mesma, mas pareciam mudados, renovados. Charles, Guilherme e Rodrigo pareciam ter um corte de cabelo novo, mas o de Rodrigo era o que mais se destacava.

Antes do sumiço, Rodrigo tinha um enorme pseudomoicano. Os três fazem parte do grupo de meninos de cabelos arrepiados. Charles as vezes muda, deixando seu cabelo baixo, quando não, Rodrigo e Charles escondem as “madeixas” no boné. Mas eram eles, os mesmos sorrisos. Não pareciam ter ficado muito tempo sem se verem, mas os meus olhos sim, estes comemoravam pelos rostos que viam.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sonhar é acordar-se pra dentro

Quem está do outro lado.... (do outro lado).... (outro lado)
Gritou a menina bem alto do estrado...
Mas nada ouviu além de si mesma.

Se colocou a pensar
Nas letras e canções que queria cantar para alguém
Um moço de belo porte, de olhos arredondados.
Será que ele vem?!

Nada...nada além.

Quis pegar um trem
Viajar, sonhar com um encontro do "destino"
Ocasionado de propósito pelo seu auto estimulo.
Viajou mil milímetros e não moveu um dedo do lugar.

Quis ir, ficar e estar
Tudo ao mesmo tempo
Mas estagnou
Com seus olhos penetrantes
Viajantes...
Respirou...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um passo sem pensar...

Um outro dia, um outro lugar...


Era mais uma quarta típica de São Paulo, repleto da indecisão se vai ser quente ou frio, se fosse a pintura de um quadro, provavelmente o frio e o calor se mesclariam e definiriam: “É São Paulo, terra da garoa” ou seria da instabilidade?
Mais uma vez ele não chegou, não chegou apesar de ela esperar por ele como todos os dias, não chegou apesar de ela confundir outros com ele e sentir se decepcionada, de esperá-lo ansiosamente e sentir o coração pulsar forte a cada engano displicente. Ele não chegou apesar da sua voz baixa chamando pelo nome dele. É, é como diz a música: “Se chove lá fora fica mais triste esperar por alguém que não vai chegar...”.
Mas ele não faltou só, dessa vez, nem seus companheiros vieram, na verdade, já fazem 4 dias que eles não aparecem, por isso, é quase ilusão ficar a espera dele, mas espera vem de esperança e esta é a última que morre, pelo menos enquanto houver sol.
É, seus passos mudaram. Pra onde foi a adorável trupe? Foram abduzidos quem sabe?! Ou apenas mudaram de trajeto? O terminal, nosso cenário inicial passou por momentos de instabilidade, uma desordem total, mas as coisas já parecem voltar ao normal, melhor, mais organizadas do que antes, talvez seja esse o motivo do sumiço da trupe, talvez tenham dado um passo certo para um lugar mais organizado. Mas existe também o passo errado, o passo sem pensar que quando você pára pra reparar está em outro lugar, um lugar doido, onde nem tudo faz sentido, onde você nem sabe mais que caminho pegou para chegar até ali e nem sabe mais como voltar.
O inicio é apenas um passo, uma dança é um passinho pra lá e outro pra cá, a indecisão é um passinho pra frente e um passinho pra trás, uma decisão bem tomada é um grande passo, uma deslizada é um passo falso. Pra chegar logo ali quantos passos? Para chegar do outro lado mais oito passos. Para subir um degrau um passo com cuidado, pra andar na corda bamba um passo delicado. E a cada passo você fica mais perto ou mais perdido. E a cada passo você fica mais esperto, mais repleto ou mais desencontrado. Legal é chegar num lugar bonito depois de alguns passos longos e cumpridos, chato é chegar num lugar que te dá mais prejuízo do que riso.

Um passo sem pensar...Um outro dia, uma outra noite e um outro lugar...



Obs: Obrigada Capital Inicial pela ajudinha com o titulo \O/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A voz do povo: Gratidão ou Palavrão?

Horário de verão, quarta-feira 20 de outubro, mais um dia instável de São Paulo, neblina e frio na parte da manhã e sol algumas horas depois...Bem vindos a mais um capítulo das páginas do diário de outro.
Se vocês ainda se lembram da trupe, ela vai bem (ao que parece), obrigada!
Rodrigo, Charles e Guilherme entraram e foram em direção ao final da segunda fila, algo novo para hoje, resolveram mudar, não me pergunte por que. A mochila entre aberta de Charles deixou ver um caderno, será que estamos perto de desvendar para onde vai essa jovem trupe? Estudar parece mais óbvio agora, mas isso é apenas parte da história. Aline e Luana entraram ao mesmo tempo que os meninos, mas seguiram para fila de costume, Aline ficou meio atordoada, sem saber pra que lado ia, mas resmungou algo parecido: “Ah não! Eu quero ir sentada” e seguiu Luana.
Essa não tem sido uma semana fácil e essa não é a minha voz, mas é a voz do povo. Esperar ônibus tem exigido mais do que paciência, já viu algo que exija mais do que paciência? Há trânsito, ônibus parado, consequência: Atraso!
Mas as pessoas são um tanto rabugentas, sempre resmungando, reclamando, acho que nunca verei a seguinte cena: TODOS os passageiros parando alguns segundos preciosos de suas vidas, aplaudindo o motorista por os levar para o seu destino, afinal, alguns dirão: “Não faz mais que a obrigação!”, “Ele ganha para isso.” E isso serve de justificativa para a falta de gratidão.
Porem, quando tem algum erro, as pessoas são as primeiras a apontar o dedo ao mesmo tempo para a mesma direção, reclamar, xingar, bater o pé no chão, assim mesmo, feito criança mimada e escandalosa, que não são todas, claro que não, tem muita criança que age melhor que adulto mandão.
Não que o transporte seja uma maravilha, longe de mim dizer tamanha mentira, mas é o que tem, e se não tivesse?
Se você acreditar em prece, reza, oração, colocar o joelho no chão, é o que faço para demonstrar minha gratidão e pedir por mais gratidão no mundo. É tão diferente quando seu trabalho é reconhecido, dá mais prazer, mais amor, mais devoção, se soubessem o poder da gratidão exercitariam mais. O mundo não seria perfeito, mas seria uma porcentagem melhor.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Faça o que faz sentido

O barulho da chuva fazendo o sono ser mais gostoso, a vontade de ficar na cama torna-se mais irresistível. Tem dias que a gente não quer sair de casa e tem dias que nem deveria sair... Hoje pode ter sido um desses dias, um dia em que a TERRA DEVERIA TER PARADO*, porque a chuva já a faz girar mais lento. Não brilhou o sol, não sorriu o dia, chuva é boa, lava a alma da terra, transforma brotinhos em lindas flores, mas o pé na poça d'água parece dizer o contrário, depois de 15 passos molhados.
O caminho se torna lento, pessoas olham no relógio e dizem: "Vou chegar atrasado!", mas além do papo, fica o fato do caos inoportuno. "Por que as ruas enchem quando está chovendo?"*, canta Paula Toller, na música 8 anos. É um tremendo mar de gente*, os terminais transbordam, se já não fosse pouco para uma segunda-feira, mas ainda que lentamente, a terra continua girando.
Quem dera, se num dia como hoje, todas as pessoas resolvessem ficar em casa, deitados, assistindo um bom filme, ouvindo música, comendo uma pipoquinha ou tomando chocolate quente, curtindo a companhia de alguém ou a de si mesmo "Il piacere di non fare nulla" , como diria os Italianos, "O prazer de não fazer nada", como seria?
Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir*, todos os dias as pessoas levantam 3, 4 ou 5 da manhã, se vestem e vão para a labuta, as nossas necessidades nos colocam em lugares que algumas vezes deveríamos estar e outras não, alguns são sugados por essa vida, outros são tão relaxados que não se dão ao privilégio de serem úteis em alguma coisa. Até que ponto isso é vida? "A maioria das pessoas passa de oito a doze horas por dia fazendo coisas que não fazem sentido na vida delas"*. Faça aquilo que faz sentido.
*Se tiver sono, durma, se quiser cantar no chuveiro, cante, faça música, poesia, escreve um livro, faça um filme, veja menos TV ou assista desenho, diga se achar que deve dizer, ria sem motivo sem medo de parecer endoidecer, se apaixone mais, se apaixone todos os dias: por você, por alguém e até mesmo pelo mesmo alguém*. "Se não houver vento, reme! Se não houver lua, uive! Se estiver sem ar, se inspire! Se não houver chance, crie! Se houver silêncio, grite! Se não houver palavra, escute! Mas nunca desista do seu amor"*, nunca desista de sonhar, nunca desista de viver, se tiver trabalho, faça! Se ensinar te dá prazer, ensine! Se cuidar dos animais é a sua vocação, cuide! Mas faça aquilo que faça sentido pra você.


Obs: Algumas citações acima não são de minha autoria, mas de músicas como:

*O Dia em que a terra parou- Raul Seixas

*Oito anos- Paula Toller

*Lugar ao Sol- Charlie Brow

*Mar de gente- O Rappa

* O Mérito e o Monstro- Teatro Mágico

*Faça valer- RUB

* Nunca desista do seu amor- Rodrigo Santos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lugarzinho Aconchegante

Respiração doce, um sorriso de canto, um lugarzinho aconchegante, dentro dos braços amáveis e protetores. Lá este ele, um menino loirinho, que deve ter mais ou menos uns cinco anos, coberto pelos braços da mãe num dia frio cheio de vento. Seu sorriso natural, não é forçado nem é de caso pensado, parece mais um reflexo daquele ato significante de sua mãe. Ele sorri como se fosse rico, como se tivesse o maior dos tesouros...O que será que ele está pensando? Será travesso? Um pouquinho de travessura não faz mal a ninguém. Entre eles o silêncio, um silêncio bom, de quem desfruta o momento sem nenhuma palavra para estragar, apenas seu sorriso é sua manifestação e tenho certeza que isso dele, ninguém pode tirar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pelos olhos dele

É o jeito como olha pra ela, o jeito como passa a mão em seus cabelos, o jeito que segura sua mão, o jeito como a beija na bochecha e como a segura firme em seus braços, a voz suave ao falar com ela e o jeito sútil de acordá-la. A disposição em buscá-la na porta da escola, no trabalho, em casa ou na faculdade. O jeito como exerce a paciência em esperá-la, o jeito como atravessa o mundo para encontrá-la.
É o jeito como estufa o peito e diz: "Minha namorada", é o que faz dela especial pelo simples fato de existir. É forma como encosta o rosto no dela, como chora café enquanto ela chora leite, como diz "Eu te amo", no momento certo, conveniente, como se desarma todo ao vê-la desmoronando, como corre para segurá-la quando a vê caindo. É o que faz dela a mulher da vida dele, enquanto durar, enquanto o bondoso Deus permitir, enquanto um ainda tiver o que acrescentar, somar na vida do outro, enquanto ainda podem crescer juntos.
É o jeito como ele canta no seu ouvido com sua voz cheio de ternura ou mesmo desafinada soa como um encanto para os ouvidos dela. É como toca violão, com os dedos, coração e sorriso, como escreve lindamente bem para cativá-la mais ainda, é o poder que tem de fazê-la parecer mais linda do que talvez realmente seja, o jeito que tem de transformar sua vida mais colorida. O jeito como dedica horas do dia, fazendo um presente com suas mãos, ou jeito que abre a mão de dinheiro, mesquinharia, para dar o melhor presente a ela, esperando apenas ver o lindo sorriso.
Eu nunca vi um homem apaixonado, eu já vi vários, eu nunca vi um homem infeliz, eu já vi um homem perdido sem ninguém para proteger e dedicar seu tempo, seu sentimento, que se encontra rodeado por milhares de pessoas, mas completamente sozinho.
Esses homens apaixonados, estão nos ônibus da vida, na fila, na padaria comprando pão. São cheio de histórias estranhas e esquisitas, mas repleta de atos simples de heróismo e proteção.
Obrigada Homens, pela existência de vocês.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A minha história favorita

São Paulo, 04 de Outubro de 2010


Com seus olhos de águia está sempre a procura de novas histórias, as pessoas não sabem que estão sendo observadas, registra em sua mente e fica ansiosa para colocar as percepções no papel, entra no ônibus puxa o caderno, saca a caneta e atira tinta, é uma historiadora procurando histórias vivas.
Sempre me comparei ao personagem da "Caverna do Dragão", desenho antigo de "1800 e bolinha", Sheila, claro que não há semelhanças físicas que nos ligam, mas é justamente o seu poder de Invisibilidade quando veste a toca que sempre foi o nosso ponto em comum, só que eu não preciso de uma toca mágica para isso.
Pode até parecer repetitivo, mas não tem jeito, essa é mesmo a minha história favorita, como era mais fácil quando eu não queria agradar ninguém. Ter a idéia de querer um público está começando a inibir minha criação. Mas a história é a mesma de outros verões. Oh! Verão não, perdão, da primavera nublada que já faz quase 3 semanas, que como sempre, propícia a chuva e muito abafada.
Mas a história continua, na última vez a adorável Trupe chegou todos juntinhos e passaram a catraca, foi algo novo, mas não muito surpreendente, acho que nem tinha parado pra pensar como foi que isso aconteceu, hoje, primeiro dia de trabalho para os trabalhadores, óbvio, não necessariamente para os escravos do trabalho que male-male tem folga, fazer o que! Às vezes é necessário.
Estava distraída e pensando que deveria ficar de olhos abertos, pois histórias vivas acontecem nos momentos em que estamos de olhos fechados ou virados para dentro. Abri! E vi! Era a minha estimável Trupe, não no lugar de sempre, mas na entrada do nosso cenário, terminal. Passamos por ela muito rápido, mas os vi em peso, eu com certeza sorri, como se tivesse descoberto um grande segredo.
Caminhei até o nosso antigo ponto de encontro... “Ei! Aquele não é o Rodrigo?!”, de fato, era mesmo o Rodrigo, esperando... Que confuso! Seria um ato de vingança pelos dias que Rodrigo não os esperou? Que pensamento sórdido da minha parte, na hora nem pensei nisso, só quis dizer a Rodrigo “Ei! Seus amigos estão do outro lado”, mas com que coragem? Rodrigo não me vê e isso arriscaria tirar meu poder de invisibilidade, ele poderia pensar: “Que menina legal!” ou não... Podia pensar, ou melhor, descobrir que o observo. Girei a catraca e do outro lado era somente isso que eu fazia, observava.
Minha vontade ainda lutava contra meu corpo “Vai lá! Fala!”, mas eu senti que Rodrigo já sabia dos amigos do outro lado, parecia que escrevia uma mensagem no celular, olhou para ele por muito tempo, demonstrava um pouco de impaciente e se esforçava para ficar ali, parece muito tempo pra mim, mas para Rodrigo com certeza mais.
Podia ser que Rodrigo havia esquecido do combinado, a trupe parecia esperar alguém ou por algo, um desencontro, um ruído na comunicação, já que isso acontece com bastante frequência, mais do que deveria, mas a trupe veio e Rodrigo abriu seu sorriso metálico, eram cinco, se cumprimentaram e entraram, que bom ter amigos.


DEDUÇÃO

Não sei se sou apta para nomear o maior dos dedutores (vulgo aquele que deduz), não conheço tanta gente assim, mas Sherlock Holmes o personagem da Literatura, de filmes e séries é sem dúvida um.
Eu não sou boa em deduções, mas eu tento, com muito esforço. Com certeza vocês já estiveram numa fila que até era grande, mas que com alguns minutos, sobra do tempo, ela ficou muito maior por causa dos amigos dos amigos que chegaram atrasado ou que se encontraram por acaso e entraram no meio da fila. São os furões. Ou já passou pela seguinte situação: Você está no mercado, a fila parece pequena, quando chega alguém com o carrinho cheio e entra na sua frente porque a pessoa da frente estava guardando lugar. Pois é, a minha trupe poderia fazer isso, mas nesse caso, ela não faz.
Com certeza (e espero não estar sendo prepotente) vocês já tiveram que esperar alguém, que demorou a chegar, e possivelmente você fico irritado, incomodado de esperar, ou talvez você seja extremamente paciente. Parabéns! Mas esperar não é uma tarefa fácil e como vocês sabem “minha trupe” espera.
Por hoje é só, são duas observações pequenas que talvez façam vocês entenderem porque gosto tanto da minha trupe e porque acho a história deles interessantes para um blog com um nome tão diferente. Gosto de confundir vocês um pouco, mas entendam de verdade o sentido do blog ser o Diário de outro.
Vamos labutar!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ah! Se eu ainda fosse criança



Não era cedo, nem noite, nem meio termo (se é que existe meio termo), era tarde. Tempo abafado, sexta-feira, descanso para alguns cansados e apenas mais um dia para outros “escravos do trabalho”.

A doce menina é na verdade parecida comigo, tem cabelos encaracolados, como a mulher da música do Caetano Veloso, seu apelido de criança: Leãozinho. E vai ver naquele dia ela saiu de casa e quis vestir uma fantasia e se vestiu de menina, sua fantasia favorita. É frágil, mas determinada, se não sabe, pergunta, ainda que acanhada.

A moça que encontrou na frente, pelos seus olhos de criança é Grande, “Uma informação, por favor!”, pede bravamente, informação concedida. Passa o tempo! Passa mais o tempo e a moça da frente saí em direção à outra fila, “ela é muito séria” pensa a menina, tem cara de brava. Alguns segundos a moça a chama, deu informação errada, se oferece para fazer pela menina, que aceita, agradece e saí sorridente, satisfeita! A moça mantém a seriedade, nenhum sorriso se quer. Onde ela guardou? Pensa a menina! Será que deixou no bolso? Ou saiu com pressa de casa e o esqueceu? Mas a moça não é uma bruxa é uma fada boa e gentil, que podia ter simplesmente virado as costas e deixado a menina, mas se compadeceu, assumiu a responsabilidade e um desejo lhe concedeu. Quem disse que não existe fada?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mais um dia ou menos um dia?

Guilherme, Charles e Rodrigo estavam juntos outra vez e pelo visto chegaram cedo, os três riam, gesticulavam. Charles que tem a pele mais clara, ficava até vermelho. Qual é o motivo de tanto riso? Talvez uma história engraçada, uma piada, um acontecimento. Rir é um ótimo remédio e começar o dia rindo é muito bom. Afinal hoje é quinta, será que essa alegria estampada no rosto dos meninos não tenha a ver com a proximidade de um fim de semana?
Todos os dias, pessoas e pessoas levantam, escovam os dentes, tomam banho, se arrumam, come alguma coisa, em ordem diversificada, nesse caso, quem sabe a frase "a ordem dos fatores, não altera o resultado" se encaixe como uma luva?
Somos rotineiros, fazemos todos os dias a mesma coisa. Traçamos nosso caminho a um destino e mesmo sendo assim, nenhum dia é igual ao outro, podem ser parecidos, mas não são os mesmos.
O despertador tocou hoje no mesmo horário de sempre, desligou. Extremo era o cansaço que de olhos abertos parou e de olhos abertos dormiu. Perdeu o horário, correu contra o tempo, contra o atraso, entrou no micro ônibus e sentou do lado daquela moça, aquela, a mesma de outros dias, quis dizer: "Oi!" Não disse, medo de não receber uma resposta, talvez, tentou do jeito mais difícil, jogou no ar uma frase esperando uma resposta: Nada! Talvez antes de sair de casa, a mãe dela disse: "Filhinha, não fale com estranhos!" e ela diferente da Chapeuzinho Vermelho, obedeceu, ou talvez a tentativa de puxar papo tenha sido tão infeliz que nem valeu a pena, como quando a gente diz: "Nossa! Que dia ensolarado!" Ou..." olha! Tá chovendo!!", frases que nem vale a pena comentar, como eu disse. Ela é a moça de 3 estrelas coloridas atrás da orelha. Lembram-se dela? Amanda. Como será que seria falar com um personagem que você criou*? Assistam "Coração de Tinta".
Tamanha foi a pressa de começar O Diário de Outro , que nem deu tempo de explicar seu real propósito. Ele começou com aquele texto, logo mais abaixo, o primeiro. Não foi o texto que se adequou ao Blog, mas o Blog que se encaixou com o texto, inspiração inicial, foi o Rodrigo *____*. O Diário de outro tem como proposta contar histórias de outros, outros seres humanos e não a minha, mas é importante perceber que estamos todos ligados de algum jeito e que quando o escritor escreve ele não está isento da história, já que a história existe porque alguém está escrevendo. A raposa do livro "O pequeno Príncipe" diz: " Tu não és ainda pra mim, senão inteiramente igual a cem mil outros garotos", a mensagem do Diário de Outro é que existem um punhado de histórias espalhadas por todos os cantos, mas precisamos as vezes parar de olhar para o nosso umbigo e enxergá-las, vocês ficariam deslumbrados com a capacidade de dedução, de criar e de sentir com outra pessoa aquilo que ela parece sentir no momento. Um dia vi uma menina chorando no ônibus, senti a tristeza dela, eu também já chorei no ônibus, gera empatia, nos tornamos mais humanos, e tudo muda a partir do momento que você se deixa cativar pelas pessoas, pelas histórias, você constrói amigos na sua cabeça e se for um pouco mais audacioso os faz concretamente: "Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."
Estou apaixonada pelo Diário de outro, mas sem esquecer que vou continuar dando atenção ao More than Words http://www.nadistraida.blogspot.com/ que também é uma das minhas paixões, mas é diferente, lá é mais avulso. Espero que ainda tenham muitas histórias para contar aqui.

"- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."


Criar* No sentido de Interpretar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tudo normal!

Hoje foi mais um dia daqueles que as pessoas acordam cedo, se arrumam e saem para fazer suas tarefas. Por pouco quase perdi a cena de hoje, porem, cheguei a tempo de ver Charles e Aline esperando Rodrigo, que chegou e os comprimentou e então giraram a catraca. Guilherme já estava na fila e dessa vez sim, foram todos para a mesma fila, estavam juntos enfim, faltou Luana e apesar de "juntos". Guilherme estava bem mais a frente e somente Charles e Rodrigo conversavam, destribuiam sorrisos. Guilherme tem a expressão mais fechada, mesmo quando junto da trupe.


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Mas hoje peço permissão para inserir outra personagem nas nossas histórias corriqueiras. Local de encontro: Micro ônibus. Subi os dois degraus para entrar, mas ou menos sem poder medir a quantidade de espaço que minha mochila consegue ocupar, passei o bilhete e ouvi o barulhinho que é como dissesse: Pode passar! Passei! Ela de cabelos negros, sempre bem presos com um tradicional rabo de cavalo ou um coque bem feito enfeitado de presilhas de pedrinhas, um piercing no nariz, bolsa da Marylin Monroe e três estrelas coloridas tatuadas atrás da orelha, tem rosto de menina nova. Seu pseudonome pode ser Amanda.

Assim que andei pelo corredor, Amanda me olhou e desviou os olhos rapidamente, como quem já sabe que já me viu antes. Nos encontramos já algumas vezes, mas essa é a segunda vez que a vejo sozinha. Na primeira vez, meus olhos estranharam muito a cena, ela também olhou pra mim rapidamente, me compadeci: Será que terminaram? Quis pensar que foi outra coisa o fim é tão ruim, talvez fosse mudança de horário, não sei... Estou com mania de querer deduzir as coisas. Hoje tentei ler em seu rosto, algum sinal: Nada! Apenas seriedade tamanha, o que é normal quando estamos sozinhos. Olhei para a mão, nenhuma aliança. Antes, com ele, ela sorria, falava bastante, fazia ciumes, era até bonito de ver os dois juntos, quando não se está carente de alguém também. Agora sozinha, bem que sentido isso faria?

Amanda também pega o mesmo ônibus que eu e a "minha trupe" querida. Foi exatamente assim, parte da Trupe entrou, entrei logo atrás, mas uns 3 minutos entrou Amanda, que se colocou na fila da trupe, que deveria ser a quinta, eu fui para a terceira, mas Amanda mudou para sexta fileira. Mas alguns minutos se passaram... e quem gira a catraca agora é o namorado de Amanda, ou ex namorado, de boné com uma cara de quem não dormiu muito ou justamente o contrário que dormiu no ônibus . Tento avistá-lo, verificar pra onde ele vai, segui em direção a ultima fileira, mas o perdi de vista.

Qual é a importância dessas histórias pequenas que acontecem todos os dias, em nossas vidas? Básico, é como se tivesse uma linha invisível sendo costurada e amarrando nossas histórias, nos fazendo nos encontrar, sendo figurantes e protagonistas. Nossa vida é um emaranhado de linhas invisíveis que não conseguimos ver. E essas linhas, também carinhosamente chamada de Laços quando mais forte, estão em detalhes tão pequenos de nossas vidas. Como quando nos apaixonamos. Imagino que o termo "Foi laçado!" seja bem adequado. Não sei se Amanda que laçou seu namorado, ou vice e versa, ou os dois. Mas é gostoso sentir que existe algo, uma linha que nos liga, que "liga ele a mim e eu a ele". Tem um laço forte entre pessoas que gostamos, que amamos e que escolhemos para chamar de amigos, mas mesmo sem o laço, todos, todos estamos ligados por linhas que dependendo de nós se firma ou não.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Segundo Relato -por enquanto sem nome exato

Antes de tudo, sugiro que leia o anterior para melhor compreensão. ^^


Olha só que comovente, estou preocupada com alguém que nem conheço.

Foi estranho novamente, dessa vez, o sol nem resolveu aparecer, o tempo era mistura de nublado com abafado. Guilherme estava lá, novamente no lugar de sempre a espera de sua trupe. Mas quase como um ato impaciente, se é que posso chamar de impaciência, entrou na fila e passou a catraca, seguindo para o lugar de costume.
Acho sinceramente difícil assistir uma história sem ser minimamente enlaçada por ela, senti naquele momento meu coração apertar e comecei a deduzir outra vez. O que será que aconteceu com Rodrigo? Será doença? Desemprego? Calei-me! Mas involuntariamente eu estava preocupada. Quando Aline chegou junto com Luana, que por sinal também não estava ontem.
A preocupação pela ausência de Rodrigo aumentou, mas não passou muito tempo e Rodrigo finalmente chegou. Finalmente! Parece que eu o esperava desde ontem. (Num encontro não marcado, com um estranho que não me foi apresentado). Acho que sorri quando o vi, senti contrair meus músculos faciais, senti um alívio em meu coração como quem diz: Está vivo!
Mas foi quando pensei em Charles... Cadê? Foi então que ele também chegou, por dentro soltei um Ufa! Todos juntos! Juntos? Não! Hoje estava cada um num canto e naquela muvuca nem sei dizer se a fila era a mesma, apenas Aline e Luana estavam juntas, o mais próximo delas era Rodrigo.
Depois desse relato um pouco mais próximo do que o outro me sinto na obrigação de explicar pelo menos minimamente porque escolhi Rodrigo e não Guilherme, Charles, Aline ou Luana para serem meu personagem central. Admiro cada personagem e me "envolvo" com todos, quase como se fossem criação minha, o que não são. São gente de carne e osso e nenhum direito tenho sobre suas vidas, embora descreva como vejo, criando suas imagens em minha mente, e desenhado pra vocês através das minhas letras. Mas Rodrigo é para mim uma mistura de duas pessoas reais, mais ainda do que ele, e importante em minha vida, não digo semelhanças físicas nem características pessoais, ele me trás uma lembrança, apenas isso, só que isto é um assunto pessoal e o diário não é meu é de outra pessoa. Só expliquei para que entendessem ainda que sem entender, que existe sim uma razão para eu escolher Rodrigo, mas ela não é uma razão lógica, e isso tão pouco importa. Sua história reporto, como quem recorta uma imagem de uma revista, sem saber direito o que vem antes e o que acontece em seguida, mas somente como vejo, pegando emprestado do jornalismo apenas a observação e me deixando livre para criação, não ajo com neutralidade, me deixo envolver na história, é bem verdade. Pinto e bordo quando posso, mas respeito e avisando sempre ao leitor que o diário não é meu é de outra pessoa.

Primeiro Post - Primeiro Relato

27 de Setembro de 2010

Era a segunda semana de primavera, vulgo temporada das flores, uma semana que se iniciou com chuva. Mas algo estranho aconteceu naquele dia. Ele não veio, fiquei a imaginar, trabalhando em minha mente criativa o que teria acontecido. Aquela foi a primeira vez que isto havia acontecido...

Essa é mais uma história dentro de histórias, como num livro cheio de contos que oscilam entre coisas possíveis, prováveis e totalmente improváveis . Era um dia de chuva, asfalto molhado, carros, ônibus, caminhões na rua e um sol querendo mostrar o rosto pro dia. Por quanto tempo? Ninguém sabia!

Mas como falávamos da história, nela sou apenas uma observadora, uma figurante, de escanteio, espectadora, sentada na plateia apenas assistindo. A história dele não começa hoje e com certeza começa muito antes do que tenho entendimento. Ela se passa num terminal, desses que as pessoas se parecem com formigas, correm, andam rápido e fazem fila. Mas para contar essa história, teremos que viajar no tempo, e te convido para ir comigo. Pronto? Lá vamos nós! Prendam os cintos! OoOOpA!!! E aqui estamos! Numa sala de parto, este é o momento mais delicado, fundamental e importante da VIDA, não tenho muita certeza se devemos presenciar essa cena: Ela está suando, quantas ferramentas!?! Estou realmente nervosa, imagina ela... Ai!... *roendo as unhas*... Vai!Vaii!...Nasceuuuu! Ufa! E provavelmente depois chorou, mas isso é brincadeira, eu não estava lá, provavelmente também estaria eu nascendo em outro lugar.

Minha história não vai retratar a infância, os primeiros passinhos, as primeiras palavras, nem os conceitos ou características especificas e fundamentais do meu personagem. É apenas uma narrativa, nua e crua, nem o conheço, nem sei seu nome. Por isso vamos usar um codinome, seu nome será: Rodrigo e todos os outros nomes que aparecerem provavelmente também serão inventados por mim.

Pronto! Nome escolhido, dedos preparados, e vamos lá!

A primeira vez que saí da minha história para entrar na dele, não faz muito tempo, talvez um mês. Alí estava ele, parado, do lado de fora da catraca. Por quê? Não sei! Na verdade eu descobri depois... Ele esperava Guilherme, seu amigo. Quando Guilherme chegava, Rodrigo entrava. Os dois iam para última fila com a vantagem de escolher qualquer lugar para sentar no transporte coletivo. Quando não era Rodrigo, Guilherme chegava primeiro e o esperava. E vice e versa. Notoriamente isso me chamou muita atenção, seria ou não um ato de cumplicidade e companheirismo?

Por dias a cena se repetia, mas aos poucos aquele quadro foi mudando, aquela incrível "dupla de dois" começou a aumentar, somar... três, quatro chegando até cinco. Mas Rodrigo também demonstrou mudanças, como por exemplo, começou a ser mais esperado do que esperar e às vezes simplesmente ia pra fila e avisava os amigos com um assobio quando ele chegassem. Ele tinha um sorriso metálico que quase sempre mostrava, mas teve dias que ele simplesmente chegava, ia pra fila e ficava sozinho, afastado dos amigos. Sempre me perguntei o que havia acontecido com Rodrigo durante aqueles dias, me parecia pensativo, abatido, cansado talvez. Mas passou, e Rodrigo retornou a mostrar seu sorriso metálico e uniu-se a sua pequena grande trupe, de duas meninas e três meninos, total cinco.

Hoje o cenário parecia o mesmo, como sempre Guilherme o esperava, junto com Charles e Aline. Os três estavam lá, no mesmo lugar, com fones de ouvido, como se estivessem juntos, porém, cada um dentro do seu mundinho. Charles riu e começou a mexer os lábios, nenhuma resposta, Charles disse rindo de novo outra coisa. Guilherme, mais sério, respondeu e deve ter dito algo como: Vamos entrar, pois foi exatamente isso que os três fizeram.

Não sei porque aquilo me incomodou, estranhei mesmo a ausência de Rodrigo, tentei imaginar o que havia acontecido, se estava simplesmente atrasado, se tinha ficado doente ou se tinha perdido o horário ou coisa pior. Ou talvez tenha resolvido "Hoje vou faltar!". Me toquei que até então todos os dias úteis ele estava lá, não teve um dia que não o vi e pela primeira vez ele simplesmente não apareceu. Sempre tive curiosidade de saber pra onde eles iam. Escola? Faculdade? Se for..que engraçado perceber que eles nunca faltam, mas pelo horário também e a calma deles em ir para a ultima fila, não me parece que o compromisso é muito cedo, como costuma ser essas instituições. Trabalho? Seria possível tamanha conhecidência? Cinco amigos, pegando o mesmo ônibus para ir para o mesmo lugar? Lembro-me que antes disso, nunca tinha visto Charles, nem Aline. Não sei a resposta, só me deixou muito intrigada a ausência de Rodrigo. O que será que aconteceu?

Entretanto, essa primeira parte vou encerrar por aqui, não poderei contar para vocês, pois desconheço os reais motivos de Rodrigo, a não ser que eu invente uma história falsa, mas sinceramente prefiro o mistério, a curiosidade. E relatar os fatos com mais proximidade do que eles são, não tenho alvará para descobrir além do que posso com os meus olhos, ouvidos e outros sentidos. É, mas talvez a vida seja mesmo uma caixinha de surpresa e dentro dela tenha várias histórias: as que contamos, as que guardamos, as que sabemos, as que escondemos e as que não iremos contar.

Confira também: More Than Words http://www.nadistraida.blogspot.com/