quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mais um dia ou menos um dia?

Guilherme, Charles e Rodrigo estavam juntos outra vez e pelo visto chegaram cedo, os três riam, gesticulavam. Charles que tem a pele mais clara, ficava até vermelho. Qual é o motivo de tanto riso? Talvez uma história engraçada, uma piada, um acontecimento. Rir é um ótimo remédio e começar o dia rindo é muito bom. Afinal hoje é quinta, será que essa alegria estampada no rosto dos meninos não tenha a ver com a proximidade de um fim de semana?
Todos os dias, pessoas e pessoas levantam, escovam os dentes, tomam banho, se arrumam, come alguma coisa, em ordem diversificada, nesse caso, quem sabe a frase "a ordem dos fatores, não altera o resultado" se encaixe como uma luva?
Somos rotineiros, fazemos todos os dias a mesma coisa. Traçamos nosso caminho a um destino e mesmo sendo assim, nenhum dia é igual ao outro, podem ser parecidos, mas não são os mesmos.
O despertador tocou hoje no mesmo horário de sempre, desligou. Extremo era o cansaço que de olhos abertos parou e de olhos abertos dormiu. Perdeu o horário, correu contra o tempo, contra o atraso, entrou no micro ônibus e sentou do lado daquela moça, aquela, a mesma de outros dias, quis dizer: "Oi!" Não disse, medo de não receber uma resposta, talvez, tentou do jeito mais difícil, jogou no ar uma frase esperando uma resposta: Nada! Talvez antes de sair de casa, a mãe dela disse: "Filhinha, não fale com estranhos!" e ela diferente da Chapeuzinho Vermelho, obedeceu, ou talvez a tentativa de puxar papo tenha sido tão infeliz que nem valeu a pena, como quando a gente diz: "Nossa! Que dia ensolarado!" Ou..." olha! Tá chovendo!!", frases que nem vale a pena comentar, como eu disse. Ela é a moça de 3 estrelas coloridas atrás da orelha. Lembram-se dela? Amanda. Como será que seria falar com um personagem que você criou*? Assistam "Coração de Tinta".
Tamanha foi a pressa de começar O Diário de Outro , que nem deu tempo de explicar seu real propósito. Ele começou com aquele texto, logo mais abaixo, o primeiro. Não foi o texto que se adequou ao Blog, mas o Blog que se encaixou com o texto, inspiração inicial, foi o Rodrigo *____*. O Diário de outro tem como proposta contar histórias de outros, outros seres humanos e não a minha, mas é importante perceber que estamos todos ligados de algum jeito e que quando o escritor escreve ele não está isento da história, já que a história existe porque alguém está escrevendo. A raposa do livro "O pequeno Príncipe" diz: " Tu não és ainda pra mim, senão inteiramente igual a cem mil outros garotos", a mensagem do Diário de Outro é que existem um punhado de histórias espalhadas por todos os cantos, mas precisamos as vezes parar de olhar para o nosso umbigo e enxergá-las, vocês ficariam deslumbrados com a capacidade de dedução, de criar e de sentir com outra pessoa aquilo que ela parece sentir no momento. Um dia vi uma menina chorando no ônibus, senti a tristeza dela, eu também já chorei no ônibus, gera empatia, nos tornamos mais humanos, e tudo muda a partir do momento que você se deixa cativar pelas pessoas, pelas histórias, você constrói amigos na sua cabeça e se for um pouco mais audacioso os faz concretamente: "Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."
Estou apaixonada pelo Diário de outro, mas sem esquecer que vou continuar dando atenção ao More than Words http://www.nadistraida.blogspot.com/ que também é uma das minhas paixões, mas é diferente, lá é mais avulso. Espero que ainda tenham muitas histórias para contar aqui.

"- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."


Criar* No sentido de Interpretar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tudo normal!

Hoje foi mais um dia daqueles que as pessoas acordam cedo, se arrumam e saem para fazer suas tarefas. Por pouco quase perdi a cena de hoje, porem, cheguei a tempo de ver Charles e Aline esperando Rodrigo, que chegou e os comprimentou e então giraram a catraca. Guilherme já estava na fila e dessa vez sim, foram todos para a mesma fila, estavam juntos enfim, faltou Luana e apesar de "juntos". Guilherme estava bem mais a frente e somente Charles e Rodrigo conversavam, destribuiam sorrisos. Guilherme tem a expressão mais fechada, mesmo quando junto da trupe.


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Mas hoje peço permissão para inserir outra personagem nas nossas histórias corriqueiras. Local de encontro: Micro ônibus. Subi os dois degraus para entrar, mas ou menos sem poder medir a quantidade de espaço que minha mochila consegue ocupar, passei o bilhete e ouvi o barulhinho que é como dissesse: Pode passar! Passei! Ela de cabelos negros, sempre bem presos com um tradicional rabo de cavalo ou um coque bem feito enfeitado de presilhas de pedrinhas, um piercing no nariz, bolsa da Marylin Monroe e três estrelas coloridas tatuadas atrás da orelha, tem rosto de menina nova. Seu pseudonome pode ser Amanda.

Assim que andei pelo corredor, Amanda me olhou e desviou os olhos rapidamente, como quem já sabe que já me viu antes. Nos encontramos já algumas vezes, mas essa é a segunda vez que a vejo sozinha. Na primeira vez, meus olhos estranharam muito a cena, ela também olhou pra mim rapidamente, me compadeci: Será que terminaram? Quis pensar que foi outra coisa o fim é tão ruim, talvez fosse mudança de horário, não sei... Estou com mania de querer deduzir as coisas. Hoje tentei ler em seu rosto, algum sinal: Nada! Apenas seriedade tamanha, o que é normal quando estamos sozinhos. Olhei para a mão, nenhuma aliança. Antes, com ele, ela sorria, falava bastante, fazia ciumes, era até bonito de ver os dois juntos, quando não se está carente de alguém também. Agora sozinha, bem que sentido isso faria?

Amanda também pega o mesmo ônibus que eu e a "minha trupe" querida. Foi exatamente assim, parte da Trupe entrou, entrei logo atrás, mas uns 3 minutos entrou Amanda, que se colocou na fila da trupe, que deveria ser a quinta, eu fui para a terceira, mas Amanda mudou para sexta fileira. Mas alguns minutos se passaram... e quem gira a catraca agora é o namorado de Amanda, ou ex namorado, de boné com uma cara de quem não dormiu muito ou justamente o contrário que dormiu no ônibus . Tento avistá-lo, verificar pra onde ele vai, segui em direção a ultima fileira, mas o perdi de vista.

Qual é a importância dessas histórias pequenas que acontecem todos os dias, em nossas vidas? Básico, é como se tivesse uma linha invisível sendo costurada e amarrando nossas histórias, nos fazendo nos encontrar, sendo figurantes e protagonistas. Nossa vida é um emaranhado de linhas invisíveis que não conseguimos ver. E essas linhas, também carinhosamente chamada de Laços quando mais forte, estão em detalhes tão pequenos de nossas vidas. Como quando nos apaixonamos. Imagino que o termo "Foi laçado!" seja bem adequado. Não sei se Amanda que laçou seu namorado, ou vice e versa, ou os dois. Mas é gostoso sentir que existe algo, uma linha que nos liga, que "liga ele a mim e eu a ele". Tem um laço forte entre pessoas que gostamos, que amamos e que escolhemos para chamar de amigos, mas mesmo sem o laço, todos, todos estamos ligados por linhas que dependendo de nós se firma ou não.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Segundo Relato -por enquanto sem nome exato

Antes de tudo, sugiro que leia o anterior para melhor compreensão. ^^


Olha só que comovente, estou preocupada com alguém que nem conheço.

Foi estranho novamente, dessa vez, o sol nem resolveu aparecer, o tempo era mistura de nublado com abafado. Guilherme estava lá, novamente no lugar de sempre a espera de sua trupe. Mas quase como um ato impaciente, se é que posso chamar de impaciência, entrou na fila e passou a catraca, seguindo para o lugar de costume.
Acho sinceramente difícil assistir uma história sem ser minimamente enlaçada por ela, senti naquele momento meu coração apertar e comecei a deduzir outra vez. O que será que aconteceu com Rodrigo? Será doença? Desemprego? Calei-me! Mas involuntariamente eu estava preocupada. Quando Aline chegou junto com Luana, que por sinal também não estava ontem.
A preocupação pela ausência de Rodrigo aumentou, mas não passou muito tempo e Rodrigo finalmente chegou. Finalmente! Parece que eu o esperava desde ontem. (Num encontro não marcado, com um estranho que não me foi apresentado). Acho que sorri quando o vi, senti contrair meus músculos faciais, senti um alívio em meu coração como quem diz: Está vivo!
Mas foi quando pensei em Charles... Cadê? Foi então que ele também chegou, por dentro soltei um Ufa! Todos juntos! Juntos? Não! Hoje estava cada um num canto e naquela muvuca nem sei dizer se a fila era a mesma, apenas Aline e Luana estavam juntas, o mais próximo delas era Rodrigo.
Depois desse relato um pouco mais próximo do que o outro me sinto na obrigação de explicar pelo menos minimamente porque escolhi Rodrigo e não Guilherme, Charles, Aline ou Luana para serem meu personagem central. Admiro cada personagem e me "envolvo" com todos, quase como se fossem criação minha, o que não são. São gente de carne e osso e nenhum direito tenho sobre suas vidas, embora descreva como vejo, criando suas imagens em minha mente, e desenhado pra vocês através das minhas letras. Mas Rodrigo é para mim uma mistura de duas pessoas reais, mais ainda do que ele, e importante em minha vida, não digo semelhanças físicas nem características pessoais, ele me trás uma lembrança, apenas isso, só que isto é um assunto pessoal e o diário não é meu é de outra pessoa. Só expliquei para que entendessem ainda que sem entender, que existe sim uma razão para eu escolher Rodrigo, mas ela não é uma razão lógica, e isso tão pouco importa. Sua história reporto, como quem recorta uma imagem de uma revista, sem saber direito o que vem antes e o que acontece em seguida, mas somente como vejo, pegando emprestado do jornalismo apenas a observação e me deixando livre para criação, não ajo com neutralidade, me deixo envolver na história, é bem verdade. Pinto e bordo quando posso, mas respeito e avisando sempre ao leitor que o diário não é meu é de outra pessoa.

Primeiro Post - Primeiro Relato

27 de Setembro de 2010

Era a segunda semana de primavera, vulgo temporada das flores, uma semana que se iniciou com chuva. Mas algo estranho aconteceu naquele dia. Ele não veio, fiquei a imaginar, trabalhando em minha mente criativa o que teria acontecido. Aquela foi a primeira vez que isto havia acontecido...

Essa é mais uma história dentro de histórias, como num livro cheio de contos que oscilam entre coisas possíveis, prováveis e totalmente improváveis . Era um dia de chuva, asfalto molhado, carros, ônibus, caminhões na rua e um sol querendo mostrar o rosto pro dia. Por quanto tempo? Ninguém sabia!

Mas como falávamos da história, nela sou apenas uma observadora, uma figurante, de escanteio, espectadora, sentada na plateia apenas assistindo. A história dele não começa hoje e com certeza começa muito antes do que tenho entendimento. Ela se passa num terminal, desses que as pessoas se parecem com formigas, correm, andam rápido e fazem fila. Mas para contar essa história, teremos que viajar no tempo, e te convido para ir comigo. Pronto? Lá vamos nós! Prendam os cintos! OoOOpA!!! E aqui estamos! Numa sala de parto, este é o momento mais delicado, fundamental e importante da VIDA, não tenho muita certeza se devemos presenciar essa cena: Ela está suando, quantas ferramentas!?! Estou realmente nervosa, imagina ela... Ai!... *roendo as unhas*... Vai!Vaii!...Nasceuuuu! Ufa! E provavelmente depois chorou, mas isso é brincadeira, eu não estava lá, provavelmente também estaria eu nascendo em outro lugar.

Minha história não vai retratar a infância, os primeiros passinhos, as primeiras palavras, nem os conceitos ou características especificas e fundamentais do meu personagem. É apenas uma narrativa, nua e crua, nem o conheço, nem sei seu nome. Por isso vamos usar um codinome, seu nome será: Rodrigo e todos os outros nomes que aparecerem provavelmente também serão inventados por mim.

Pronto! Nome escolhido, dedos preparados, e vamos lá!

A primeira vez que saí da minha história para entrar na dele, não faz muito tempo, talvez um mês. Alí estava ele, parado, do lado de fora da catraca. Por quê? Não sei! Na verdade eu descobri depois... Ele esperava Guilherme, seu amigo. Quando Guilherme chegava, Rodrigo entrava. Os dois iam para última fila com a vantagem de escolher qualquer lugar para sentar no transporte coletivo. Quando não era Rodrigo, Guilherme chegava primeiro e o esperava. E vice e versa. Notoriamente isso me chamou muita atenção, seria ou não um ato de cumplicidade e companheirismo?

Por dias a cena se repetia, mas aos poucos aquele quadro foi mudando, aquela incrível "dupla de dois" começou a aumentar, somar... três, quatro chegando até cinco. Mas Rodrigo também demonstrou mudanças, como por exemplo, começou a ser mais esperado do que esperar e às vezes simplesmente ia pra fila e avisava os amigos com um assobio quando ele chegassem. Ele tinha um sorriso metálico que quase sempre mostrava, mas teve dias que ele simplesmente chegava, ia pra fila e ficava sozinho, afastado dos amigos. Sempre me perguntei o que havia acontecido com Rodrigo durante aqueles dias, me parecia pensativo, abatido, cansado talvez. Mas passou, e Rodrigo retornou a mostrar seu sorriso metálico e uniu-se a sua pequena grande trupe, de duas meninas e três meninos, total cinco.

Hoje o cenário parecia o mesmo, como sempre Guilherme o esperava, junto com Charles e Aline. Os três estavam lá, no mesmo lugar, com fones de ouvido, como se estivessem juntos, porém, cada um dentro do seu mundinho. Charles riu e começou a mexer os lábios, nenhuma resposta, Charles disse rindo de novo outra coisa. Guilherme, mais sério, respondeu e deve ter dito algo como: Vamos entrar, pois foi exatamente isso que os três fizeram.

Não sei porque aquilo me incomodou, estranhei mesmo a ausência de Rodrigo, tentei imaginar o que havia acontecido, se estava simplesmente atrasado, se tinha ficado doente ou se tinha perdido o horário ou coisa pior. Ou talvez tenha resolvido "Hoje vou faltar!". Me toquei que até então todos os dias úteis ele estava lá, não teve um dia que não o vi e pela primeira vez ele simplesmente não apareceu. Sempre tive curiosidade de saber pra onde eles iam. Escola? Faculdade? Se for..que engraçado perceber que eles nunca faltam, mas pelo horário também e a calma deles em ir para a ultima fila, não me parece que o compromisso é muito cedo, como costuma ser essas instituições. Trabalho? Seria possível tamanha conhecidência? Cinco amigos, pegando o mesmo ônibus para ir para o mesmo lugar? Lembro-me que antes disso, nunca tinha visto Charles, nem Aline. Não sei a resposta, só me deixou muito intrigada a ausência de Rodrigo. O que será que aconteceu?

Entretanto, essa primeira parte vou encerrar por aqui, não poderei contar para vocês, pois desconheço os reais motivos de Rodrigo, a não ser que eu invente uma história falsa, mas sinceramente prefiro o mistério, a curiosidade. E relatar os fatos com mais proximidade do que eles são, não tenho alvará para descobrir além do que posso com os meus olhos, ouvidos e outros sentidos. É, mas talvez a vida seja mesmo uma caixinha de surpresa e dentro dela tenha várias histórias: as que contamos, as que guardamos, as que sabemos, as que escondemos e as que não iremos contar.

Confira também: More Than Words http://www.nadistraida.blogspot.com/