quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um passo sem pensar...

Um outro dia, um outro lugar...


Era mais uma quarta típica de São Paulo, repleto da indecisão se vai ser quente ou frio, se fosse a pintura de um quadro, provavelmente o frio e o calor se mesclariam e definiriam: “É São Paulo, terra da garoa” ou seria da instabilidade?
Mais uma vez ele não chegou, não chegou apesar de ela esperar por ele como todos os dias, não chegou apesar de ela confundir outros com ele e sentir se decepcionada, de esperá-lo ansiosamente e sentir o coração pulsar forte a cada engano displicente. Ele não chegou apesar da sua voz baixa chamando pelo nome dele. É, é como diz a música: “Se chove lá fora fica mais triste esperar por alguém que não vai chegar...”.
Mas ele não faltou só, dessa vez, nem seus companheiros vieram, na verdade, já fazem 4 dias que eles não aparecem, por isso, é quase ilusão ficar a espera dele, mas espera vem de esperança e esta é a última que morre, pelo menos enquanto houver sol.
É, seus passos mudaram. Pra onde foi a adorável trupe? Foram abduzidos quem sabe?! Ou apenas mudaram de trajeto? O terminal, nosso cenário inicial passou por momentos de instabilidade, uma desordem total, mas as coisas já parecem voltar ao normal, melhor, mais organizadas do que antes, talvez seja esse o motivo do sumiço da trupe, talvez tenham dado um passo certo para um lugar mais organizado. Mas existe também o passo errado, o passo sem pensar que quando você pára pra reparar está em outro lugar, um lugar doido, onde nem tudo faz sentido, onde você nem sabe mais que caminho pegou para chegar até ali e nem sabe mais como voltar.
O inicio é apenas um passo, uma dança é um passinho pra lá e outro pra cá, a indecisão é um passinho pra frente e um passinho pra trás, uma decisão bem tomada é um grande passo, uma deslizada é um passo falso. Pra chegar logo ali quantos passos? Para chegar do outro lado mais oito passos. Para subir um degrau um passo com cuidado, pra andar na corda bamba um passo delicado. E a cada passo você fica mais perto ou mais perdido. E a cada passo você fica mais esperto, mais repleto ou mais desencontrado. Legal é chegar num lugar bonito depois de alguns passos longos e cumpridos, chato é chegar num lugar que te dá mais prejuízo do que riso.

Um passo sem pensar...Um outro dia, uma outra noite e um outro lugar...



Obs: Obrigada Capital Inicial pela ajudinha com o titulo \O/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A voz do povo: Gratidão ou Palavrão?

Horário de verão, quarta-feira 20 de outubro, mais um dia instável de São Paulo, neblina e frio na parte da manhã e sol algumas horas depois...Bem vindos a mais um capítulo das páginas do diário de outro.
Se vocês ainda se lembram da trupe, ela vai bem (ao que parece), obrigada!
Rodrigo, Charles e Guilherme entraram e foram em direção ao final da segunda fila, algo novo para hoje, resolveram mudar, não me pergunte por que. A mochila entre aberta de Charles deixou ver um caderno, será que estamos perto de desvendar para onde vai essa jovem trupe? Estudar parece mais óbvio agora, mas isso é apenas parte da história. Aline e Luana entraram ao mesmo tempo que os meninos, mas seguiram para fila de costume, Aline ficou meio atordoada, sem saber pra que lado ia, mas resmungou algo parecido: “Ah não! Eu quero ir sentada” e seguiu Luana.
Essa não tem sido uma semana fácil e essa não é a minha voz, mas é a voz do povo. Esperar ônibus tem exigido mais do que paciência, já viu algo que exija mais do que paciência? Há trânsito, ônibus parado, consequência: Atraso!
Mas as pessoas são um tanto rabugentas, sempre resmungando, reclamando, acho que nunca verei a seguinte cena: TODOS os passageiros parando alguns segundos preciosos de suas vidas, aplaudindo o motorista por os levar para o seu destino, afinal, alguns dirão: “Não faz mais que a obrigação!”, “Ele ganha para isso.” E isso serve de justificativa para a falta de gratidão.
Porem, quando tem algum erro, as pessoas são as primeiras a apontar o dedo ao mesmo tempo para a mesma direção, reclamar, xingar, bater o pé no chão, assim mesmo, feito criança mimada e escandalosa, que não são todas, claro que não, tem muita criança que age melhor que adulto mandão.
Não que o transporte seja uma maravilha, longe de mim dizer tamanha mentira, mas é o que tem, e se não tivesse?
Se você acreditar em prece, reza, oração, colocar o joelho no chão, é o que faço para demonstrar minha gratidão e pedir por mais gratidão no mundo. É tão diferente quando seu trabalho é reconhecido, dá mais prazer, mais amor, mais devoção, se soubessem o poder da gratidão exercitariam mais. O mundo não seria perfeito, mas seria uma porcentagem melhor.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Faça o que faz sentido

O barulho da chuva fazendo o sono ser mais gostoso, a vontade de ficar na cama torna-se mais irresistível. Tem dias que a gente não quer sair de casa e tem dias que nem deveria sair... Hoje pode ter sido um desses dias, um dia em que a TERRA DEVERIA TER PARADO*, porque a chuva já a faz girar mais lento. Não brilhou o sol, não sorriu o dia, chuva é boa, lava a alma da terra, transforma brotinhos em lindas flores, mas o pé na poça d'água parece dizer o contrário, depois de 15 passos molhados.
O caminho se torna lento, pessoas olham no relógio e dizem: "Vou chegar atrasado!", mas além do papo, fica o fato do caos inoportuno. "Por que as ruas enchem quando está chovendo?"*, canta Paula Toller, na música 8 anos. É um tremendo mar de gente*, os terminais transbordam, se já não fosse pouco para uma segunda-feira, mas ainda que lentamente, a terra continua girando.
Quem dera, se num dia como hoje, todas as pessoas resolvessem ficar em casa, deitados, assistindo um bom filme, ouvindo música, comendo uma pipoquinha ou tomando chocolate quente, curtindo a companhia de alguém ou a de si mesmo "Il piacere di non fare nulla" , como diria os Italianos, "O prazer de não fazer nada", como seria?
Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir*, todos os dias as pessoas levantam 3, 4 ou 5 da manhã, se vestem e vão para a labuta, as nossas necessidades nos colocam em lugares que algumas vezes deveríamos estar e outras não, alguns são sugados por essa vida, outros são tão relaxados que não se dão ao privilégio de serem úteis em alguma coisa. Até que ponto isso é vida? "A maioria das pessoas passa de oito a doze horas por dia fazendo coisas que não fazem sentido na vida delas"*. Faça aquilo que faz sentido.
*Se tiver sono, durma, se quiser cantar no chuveiro, cante, faça música, poesia, escreve um livro, faça um filme, veja menos TV ou assista desenho, diga se achar que deve dizer, ria sem motivo sem medo de parecer endoidecer, se apaixone mais, se apaixone todos os dias: por você, por alguém e até mesmo pelo mesmo alguém*. "Se não houver vento, reme! Se não houver lua, uive! Se estiver sem ar, se inspire! Se não houver chance, crie! Se houver silêncio, grite! Se não houver palavra, escute! Mas nunca desista do seu amor"*, nunca desista de sonhar, nunca desista de viver, se tiver trabalho, faça! Se ensinar te dá prazer, ensine! Se cuidar dos animais é a sua vocação, cuide! Mas faça aquilo que faça sentido pra você.


Obs: Algumas citações acima não são de minha autoria, mas de músicas como:

*O Dia em que a terra parou- Raul Seixas

*Oito anos- Paula Toller

*Lugar ao Sol- Charlie Brow

*Mar de gente- O Rappa

* O Mérito e o Monstro- Teatro Mágico

*Faça valer- RUB

* Nunca desista do seu amor- Rodrigo Santos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lugarzinho Aconchegante

Respiração doce, um sorriso de canto, um lugarzinho aconchegante, dentro dos braços amáveis e protetores. Lá este ele, um menino loirinho, que deve ter mais ou menos uns cinco anos, coberto pelos braços da mãe num dia frio cheio de vento. Seu sorriso natural, não é forçado nem é de caso pensado, parece mais um reflexo daquele ato significante de sua mãe. Ele sorri como se fosse rico, como se tivesse o maior dos tesouros...O que será que ele está pensando? Será travesso? Um pouquinho de travessura não faz mal a ninguém. Entre eles o silêncio, um silêncio bom, de quem desfruta o momento sem nenhuma palavra para estragar, apenas seu sorriso é sua manifestação e tenho certeza que isso dele, ninguém pode tirar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pelos olhos dele

É o jeito como olha pra ela, o jeito como passa a mão em seus cabelos, o jeito que segura sua mão, o jeito como a beija na bochecha e como a segura firme em seus braços, a voz suave ao falar com ela e o jeito sútil de acordá-la. A disposição em buscá-la na porta da escola, no trabalho, em casa ou na faculdade. O jeito como exerce a paciência em esperá-la, o jeito como atravessa o mundo para encontrá-la.
É o jeito como estufa o peito e diz: "Minha namorada", é o que faz dela especial pelo simples fato de existir. É forma como encosta o rosto no dela, como chora café enquanto ela chora leite, como diz "Eu te amo", no momento certo, conveniente, como se desarma todo ao vê-la desmoronando, como corre para segurá-la quando a vê caindo. É o que faz dela a mulher da vida dele, enquanto durar, enquanto o bondoso Deus permitir, enquanto um ainda tiver o que acrescentar, somar na vida do outro, enquanto ainda podem crescer juntos.
É o jeito como ele canta no seu ouvido com sua voz cheio de ternura ou mesmo desafinada soa como um encanto para os ouvidos dela. É como toca violão, com os dedos, coração e sorriso, como escreve lindamente bem para cativá-la mais ainda, é o poder que tem de fazê-la parecer mais linda do que talvez realmente seja, o jeito que tem de transformar sua vida mais colorida. O jeito como dedica horas do dia, fazendo um presente com suas mãos, ou jeito que abre a mão de dinheiro, mesquinharia, para dar o melhor presente a ela, esperando apenas ver o lindo sorriso.
Eu nunca vi um homem apaixonado, eu já vi vários, eu nunca vi um homem infeliz, eu já vi um homem perdido sem ninguém para proteger e dedicar seu tempo, seu sentimento, que se encontra rodeado por milhares de pessoas, mas completamente sozinho.
Esses homens apaixonados, estão nos ônibus da vida, na fila, na padaria comprando pão. São cheio de histórias estranhas e esquisitas, mas repleta de atos simples de heróismo e proteção.
Obrigada Homens, pela existência de vocês.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A minha história favorita

São Paulo, 04 de Outubro de 2010


Com seus olhos de águia está sempre a procura de novas histórias, as pessoas não sabem que estão sendo observadas, registra em sua mente e fica ansiosa para colocar as percepções no papel, entra no ônibus puxa o caderno, saca a caneta e atira tinta, é uma historiadora procurando histórias vivas.
Sempre me comparei ao personagem da "Caverna do Dragão", desenho antigo de "1800 e bolinha", Sheila, claro que não há semelhanças físicas que nos ligam, mas é justamente o seu poder de Invisibilidade quando veste a toca que sempre foi o nosso ponto em comum, só que eu não preciso de uma toca mágica para isso.
Pode até parecer repetitivo, mas não tem jeito, essa é mesmo a minha história favorita, como era mais fácil quando eu não queria agradar ninguém. Ter a idéia de querer um público está começando a inibir minha criação. Mas a história é a mesma de outros verões. Oh! Verão não, perdão, da primavera nublada que já faz quase 3 semanas, que como sempre, propícia a chuva e muito abafada.
Mas a história continua, na última vez a adorável Trupe chegou todos juntinhos e passaram a catraca, foi algo novo, mas não muito surpreendente, acho que nem tinha parado pra pensar como foi que isso aconteceu, hoje, primeiro dia de trabalho para os trabalhadores, óbvio, não necessariamente para os escravos do trabalho que male-male tem folga, fazer o que! Às vezes é necessário.
Estava distraída e pensando que deveria ficar de olhos abertos, pois histórias vivas acontecem nos momentos em que estamos de olhos fechados ou virados para dentro. Abri! E vi! Era a minha estimável Trupe, não no lugar de sempre, mas na entrada do nosso cenário, terminal. Passamos por ela muito rápido, mas os vi em peso, eu com certeza sorri, como se tivesse descoberto um grande segredo.
Caminhei até o nosso antigo ponto de encontro... “Ei! Aquele não é o Rodrigo?!”, de fato, era mesmo o Rodrigo, esperando... Que confuso! Seria um ato de vingança pelos dias que Rodrigo não os esperou? Que pensamento sórdido da minha parte, na hora nem pensei nisso, só quis dizer a Rodrigo “Ei! Seus amigos estão do outro lado”, mas com que coragem? Rodrigo não me vê e isso arriscaria tirar meu poder de invisibilidade, ele poderia pensar: “Que menina legal!” ou não... Podia pensar, ou melhor, descobrir que o observo. Girei a catraca e do outro lado era somente isso que eu fazia, observava.
Minha vontade ainda lutava contra meu corpo “Vai lá! Fala!”, mas eu senti que Rodrigo já sabia dos amigos do outro lado, parecia que escrevia uma mensagem no celular, olhou para ele por muito tempo, demonstrava um pouco de impaciente e se esforçava para ficar ali, parece muito tempo pra mim, mas para Rodrigo com certeza mais.
Podia ser que Rodrigo havia esquecido do combinado, a trupe parecia esperar alguém ou por algo, um desencontro, um ruído na comunicação, já que isso acontece com bastante frequência, mais do que deveria, mas a trupe veio e Rodrigo abriu seu sorriso metálico, eram cinco, se cumprimentaram e entraram, que bom ter amigos.


DEDUÇÃO

Não sei se sou apta para nomear o maior dos dedutores (vulgo aquele que deduz), não conheço tanta gente assim, mas Sherlock Holmes o personagem da Literatura, de filmes e séries é sem dúvida um.
Eu não sou boa em deduções, mas eu tento, com muito esforço. Com certeza vocês já estiveram numa fila que até era grande, mas que com alguns minutos, sobra do tempo, ela ficou muito maior por causa dos amigos dos amigos que chegaram atrasado ou que se encontraram por acaso e entraram no meio da fila. São os furões. Ou já passou pela seguinte situação: Você está no mercado, a fila parece pequena, quando chega alguém com o carrinho cheio e entra na sua frente porque a pessoa da frente estava guardando lugar. Pois é, a minha trupe poderia fazer isso, mas nesse caso, ela não faz.
Com certeza (e espero não estar sendo prepotente) vocês já tiveram que esperar alguém, que demorou a chegar, e possivelmente você fico irritado, incomodado de esperar, ou talvez você seja extremamente paciente. Parabéns! Mas esperar não é uma tarefa fácil e como vocês sabem “minha trupe” espera.
Por hoje é só, são duas observações pequenas que talvez façam vocês entenderem porque gosto tanto da minha trupe e porque acho a história deles interessantes para um blog com um nome tão diferente. Gosto de confundir vocês um pouco, mas entendam de verdade o sentido do blog ser o Diário de outro.
Vamos labutar!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ah! Se eu ainda fosse criança



Não era cedo, nem noite, nem meio termo (se é que existe meio termo), era tarde. Tempo abafado, sexta-feira, descanso para alguns cansados e apenas mais um dia para outros “escravos do trabalho”.

A doce menina é na verdade parecida comigo, tem cabelos encaracolados, como a mulher da música do Caetano Veloso, seu apelido de criança: Leãozinho. E vai ver naquele dia ela saiu de casa e quis vestir uma fantasia e se vestiu de menina, sua fantasia favorita. É frágil, mas determinada, se não sabe, pergunta, ainda que acanhada.

A moça que encontrou na frente, pelos seus olhos de criança é Grande, “Uma informação, por favor!”, pede bravamente, informação concedida. Passa o tempo! Passa mais o tempo e a moça da frente saí em direção à outra fila, “ela é muito séria” pensa a menina, tem cara de brava. Alguns segundos a moça a chama, deu informação errada, se oferece para fazer pela menina, que aceita, agradece e saí sorridente, satisfeita! A moça mantém a seriedade, nenhum sorriso se quer. Onde ela guardou? Pensa a menina! Será que deixou no bolso? Ou saiu com pressa de casa e o esqueceu? Mas a moça não é uma bruxa é uma fada boa e gentil, que podia ter simplesmente virado as costas e deixado a menina, mas se compadeceu, assumiu a responsabilidade e um desejo lhe concedeu. Quem disse que não existe fada?