terça-feira, 28 de setembro de 2010

Primeiro Post - Primeiro Relato

27 de Setembro de 2010

Era a segunda semana de primavera, vulgo temporada das flores, uma semana que se iniciou com chuva. Mas algo estranho aconteceu naquele dia. Ele não veio, fiquei a imaginar, trabalhando em minha mente criativa o que teria acontecido. Aquela foi a primeira vez que isto havia acontecido...

Essa é mais uma história dentro de histórias, como num livro cheio de contos que oscilam entre coisas possíveis, prováveis e totalmente improváveis . Era um dia de chuva, asfalto molhado, carros, ônibus, caminhões na rua e um sol querendo mostrar o rosto pro dia. Por quanto tempo? Ninguém sabia!

Mas como falávamos da história, nela sou apenas uma observadora, uma figurante, de escanteio, espectadora, sentada na plateia apenas assistindo. A história dele não começa hoje e com certeza começa muito antes do que tenho entendimento. Ela se passa num terminal, desses que as pessoas se parecem com formigas, correm, andam rápido e fazem fila. Mas para contar essa história, teremos que viajar no tempo, e te convido para ir comigo. Pronto? Lá vamos nós! Prendam os cintos! OoOOpA!!! E aqui estamos! Numa sala de parto, este é o momento mais delicado, fundamental e importante da VIDA, não tenho muita certeza se devemos presenciar essa cena: Ela está suando, quantas ferramentas!?! Estou realmente nervosa, imagina ela... Ai!... *roendo as unhas*... Vai!Vaii!...Nasceuuuu! Ufa! E provavelmente depois chorou, mas isso é brincadeira, eu não estava lá, provavelmente também estaria eu nascendo em outro lugar.

Minha história não vai retratar a infância, os primeiros passinhos, as primeiras palavras, nem os conceitos ou características especificas e fundamentais do meu personagem. É apenas uma narrativa, nua e crua, nem o conheço, nem sei seu nome. Por isso vamos usar um codinome, seu nome será: Rodrigo e todos os outros nomes que aparecerem provavelmente também serão inventados por mim.

Pronto! Nome escolhido, dedos preparados, e vamos lá!

A primeira vez que saí da minha história para entrar na dele, não faz muito tempo, talvez um mês. Alí estava ele, parado, do lado de fora da catraca. Por quê? Não sei! Na verdade eu descobri depois... Ele esperava Guilherme, seu amigo. Quando Guilherme chegava, Rodrigo entrava. Os dois iam para última fila com a vantagem de escolher qualquer lugar para sentar no transporte coletivo. Quando não era Rodrigo, Guilherme chegava primeiro e o esperava. E vice e versa. Notoriamente isso me chamou muita atenção, seria ou não um ato de cumplicidade e companheirismo?

Por dias a cena se repetia, mas aos poucos aquele quadro foi mudando, aquela incrível "dupla de dois" começou a aumentar, somar... três, quatro chegando até cinco. Mas Rodrigo também demonstrou mudanças, como por exemplo, começou a ser mais esperado do que esperar e às vezes simplesmente ia pra fila e avisava os amigos com um assobio quando ele chegassem. Ele tinha um sorriso metálico que quase sempre mostrava, mas teve dias que ele simplesmente chegava, ia pra fila e ficava sozinho, afastado dos amigos. Sempre me perguntei o que havia acontecido com Rodrigo durante aqueles dias, me parecia pensativo, abatido, cansado talvez. Mas passou, e Rodrigo retornou a mostrar seu sorriso metálico e uniu-se a sua pequena grande trupe, de duas meninas e três meninos, total cinco.

Hoje o cenário parecia o mesmo, como sempre Guilherme o esperava, junto com Charles e Aline. Os três estavam lá, no mesmo lugar, com fones de ouvido, como se estivessem juntos, porém, cada um dentro do seu mundinho. Charles riu e começou a mexer os lábios, nenhuma resposta, Charles disse rindo de novo outra coisa. Guilherme, mais sério, respondeu e deve ter dito algo como: Vamos entrar, pois foi exatamente isso que os três fizeram.

Não sei porque aquilo me incomodou, estranhei mesmo a ausência de Rodrigo, tentei imaginar o que havia acontecido, se estava simplesmente atrasado, se tinha ficado doente ou se tinha perdido o horário ou coisa pior. Ou talvez tenha resolvido "Hoje vou faltar!". Me toquei que até então todos os dias úteis ele estava lá, não teve um dia que não o vi e pela primeira vez ele simplesmente não apareceu. Sempre tive curiosidade de saber pra onde eles iam. Escola? Faculdade? Se for..que engraçado perceber que eles nunca faltam, mas pelo horário também e a calma deles em ir para a ultima fila, não me parece que o compromisso é muito cedo, como costuma ser essas instituições. Trabalho? Seria possível tamanha conhecidência? Cinco amigos, pegando o mesmo ônibus para ir para o mesmo lugar? Lembro-me que antes disso, nunca tinha visto Charles, nem Aline. Não sei a resposta, só me deixou muito intrigada a ausência de Rodrigo. O que será que aconteceu?

Entretanto, essa primeira parte vou encerrar por aqui, não poderei contar para vocês, pois desconheço os reais motivos de Rodrigo, a não ser que eu invente uma história falsa, mas sinceramente prefiro o mistério, a curiosidade. E relatar os fatos com mais proximidade do que eles são, não tenho alvará para descobrir além do que posso com os meus olhos, ouvidos e outros sentidos. É, mas talvez a vida seja mesmo uma caixinha de surpresa e dentro dela tenha várias histórias: as que contamos, as que guardamos, as que sabemos, as que escondemos e as que não iremos contar.

Confira também: More Than Words http://www.nadistraida.blogspot.com/

4 comentários:

  1. Own, que lindo, trupe de ônibus, adoro! Eu, vc, a Ana, o Fa e agora a Aline...rs...pensei em nós...e tb fiquei curiosa pra saber o que aconteceu com o Rodrigo...

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  2. Hehehe sempre vejo essa trupe junta e me divirto, e Rodrigo onde estás?

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  3. É verdade Lara... Lembra muito a nossa trupe...rs Quando começou ainda era: Você, Tio Tony, eu e a Ana...Nós três mantemos, e ele foi aumentando e modificando. Vai ver é isso que me chama a atenção na trupe deles. rs

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  4. Sua chata, fala vai!

    "É, mas talvez a vida seja mesmo uma caixinha de surpresa e dentro dela tenha várias histórias: as que contamos, as que guardamos, as que sabemos, as que escondemos e as que não iremos contar."

    Adorei este final.

    Acho que o melhor texto que já li seu.
    Me prendeu do inicio ao fim e você tem que continuar!!!

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